ROBOTEIRO
Deixo aqui, para além do belíssimo poema do Glória Dias, também a sua crítica ao "Ngola Mirrors":
"Obrigado pela exposição com seu ambiente de estaleiro luandino , e pela disposição da boa que nos fez segurar um sorrir de prazer, como seguramos estrelas e papagaios; também pela imposição do traço que nos faz matutar no assombro cru de cada instante que retrata. Não são caricaturas os personagens, nem caricatos os gestos. Aliás escorre um calor de sol e da catinga, os odores da terra, e a eterna luta das pessoas, também ali exposta como em cada esquina das nossas mutambas.
Achei o traço rápido, mas objetivo, diria até muito mais real que surreal, e nisto há um dizer demais, sem presunção. Não sou crítico de arte. Espero que acredite.
Surreal foi verificar que tudo se vendeu num instante, mesmo antes de acabarem os acepipes. Fantástico. Parabens.
Como num dos desenhos aparecia um roboteiro, apeteceu-me logo enviar-lhe o poeminha da minha lavra e do meu suor. Que pena que não se venda. Aí o mando, grátis.
Um gostoso abraço do
GD
Com seu cangulo
pesado de nadas
candandos e risos
brinquedo apenas
trepa estripado
o roboteiro
e vai subindo
assobiando alheio
à cuributisse
da sombra
da mandioqueira
que o apetece
Vai rindo e sonha
...é quianda quem o leva
no cangulo
ligeiro d’ imbambas
e de sombras
curibota de si
roboteiro de nadas
de candandos e risos
e de sonhos e de sombras
...a quianda o leva
de leve
brincando, e brinquedo
Barcelona, 17/07/06"